terça-feira, 31 de maio de 2011

Entrevista com guia turístico – Lauro Martins


1. Como é o trabalho dos guias turísticos no Parque Estadual do Sumidouro?
Durante a semana é necessário o agendamento, já nos finais de semana existem mais guias disponíveis e a medida que as pessoas chegam vão sendo atendidas. Fazemos a trilha programada pelo Parque. Para grupos acima de 2 pessoas é pago uma taxa de R$ 7,00 por pessoa e o passeio dura uma média de 2:30hrs. São visitados 10 pontos previstos como atrativos.
2. Qual é a procura por esse serviço?
Está acontecendo aos poucos, agora começou uma divulgação maior do Parque, antes não havia funcionários suficientes para fazer a segurança do local, então era bem fechado a entrada das pessoas, agora, temos uma associação que presta serviços para o Parque e com treinamento recebido é possível oferecer um serviço de qualidade, que a região merece, por suas belezas naturais, o visual vale a pena.
3. Quem procura esse serviço?
Temos uma parceria com o projeto do circuito das grutas, com o projeto rota Dr. Lund e com o museu de mineralogia da PUC – MG. Vêm muitos grupos de turismo para conhecer as grutas da região e o nosso parque faz parte do roteiro.
4. Existe alguma infra estrutura para receber os turistas que visitam o Parque?
Não. Estamos muito preocupados com este fato, porque o Parque está inserido no projeto de divulgação da Copa do Mundo de 2014, e hoje na região não existe nenhum tipo de infra estrutura para receber e acomodar esses turistas que virão.

5. Você como morador da região e guia turístico do Parque, acha viável a construção de um Hotel Fazenda no local?
Sim, será muito bem vindo, mas junto com ele é necessário um planejamento completo para sustentar este empreendimento. O local está prestes a receber uma sede nova para o Parque com uma estrutura legal para receber o turista, mas se houver uma forma de hospedagem para prender o turista aqui, sem dúvida valorizaria a cidade e contribuiria para aumentar as possibilidades de emprego e renda local.

6. Existe alguma procura de empreendedores para investir na região?
O Sebrae MG faz programas que tem como objetivo divulgar a região, suas belezas naturais, e seu potencial turístico. Esses programas lançam projetos de hospedagem e serviços para a região.


Guia explicando trajeto do passeio do Parque

Mapa do trajeto do Parque
com atrativos

Expositor do Parque Estadual do Sumidouro
localizado na sede do Parque


Projeto do centro de visitantes do Parque Estadual do Sumidouro
a ser construído na Quinta do Sumidouro,
distrito vizinho de Fidalgo


sexta-feira, 27 de maio de 2011

Pernambuco quer te levar para o interior. Conheça o projeto Revelando PE


26/05/2011

É impossível pensar em Pernambuco sem que a lembrança remeta diretamente às belezas naturais do estado. Cultura rica, praias, carnaval. No entanto, os atrativos daqui ultrapassam os três elementos citados. Para estimular um potencial pouco explorado no turismo local, foi lançado nesta quinta-feira (26) o projeto Revelando Pernambuco. A parceria entre governo estadual – por meio da Secretaria de Turismo do Estado e Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) - governo federal e Fundação Assis Chateaubriand foi anunciada no Centro de Convenções, em Olinda e contou ainda com representantes do trade.
A principal intenção do projeto é interiorizar o turismo, mostrando que a região tem bem mais atrativos do que se conhece, principalmente no que se refere a entretenimento e conhecimento histórico. Para isso, a ação vai contar com R$ 7 milhões, provenientes do governo federal. O montante será utilizado na divulgação de 14 rotas turísticas que serão criadas para destacar atrativos culturais, geográficos e opções de lazer que incluem o ecoturismo e enoturismo.
Para a criação das rotas foi feita uma pesquisa durante sete seminários, realizados entre 25 de abril e 11 de maio, que levantou dados sobre a melhor maneira de desfrutar das singularidades de cada uma das cidades e sua rota específica. São elas: Rota Forró e Baião de Luiz Gonzaga, Crença e Arte, História e Mar, Costa dos Arrecifes, Águas da Mata Sul, Encostas da Chapada do Araripe, Engenhos e Maracatus, Vinho-Vale do São Francisco, Moda e Confecção, Poesia e Cantoria, Cangaço e Lampião e Ilhas e Lagos do São Francisco.
O secretário estadual de turismo, Alberto Feitosa, destacou a importância das parcerias público-privadas com o objetivo de fomentar o programa. “Não se pode fazer turismo sem mostrar tudo que Pernambuco tem, daí vem a necessidade da implantação do Revelando Pernambuco e interiorizar o turismo”.
A época para o lançamento do Revelando Pernambuco não foi por acaso. O momento pega carona com a expectativa para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, nas quais espera-se que o estado receba um grande fluxo de visitantes que conhecerão o país. O projeto conta, ainda, com cartilhas educativas, guias, oficinas, revistas e campanhas publicitárias que reforçam o papel do turismo como uma das mais promissoras atividades econômicas e seu potencial de geração de renda e inclusão social.
Além das parcerias e sensibilização da população, o Revelando Pernambuco vai contar ainda com uma ação grandiosa e voltada para a educação. Alunos do 1º ano do Ensino Médio de 400 escolas públicas pernambucanas vão participar de um concurso de redação e vídeo. Os autores dos melhores textos serão eleitos como Embaixadores do Turismo e vão ganhar câmeras de vídeo e fotográficas para captarem imagens das localidades onde vivem. Ao final do projeto, todo o material produzido por eles vai ser compilado num documentário institucional veiculado pelo governo estadual.
Dois guias específicos completam o projeto: um direcionado aos gestores municipais e outro especialmente pensado no empresariado. O objetivo é apontar rumos para que os municípios tenham um bom modelo de governança e possam desenvolver seus produtos turísticos.

Por Elian Balbino, com informações de Juliana Cavalcanti

http://www.pernambuco.com/ultimas/nota.asp?materia=20110526125144&assunto=163&onde=Economia

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Chapada Diamantina surpreende por quantidade de atrações

É possível mergulhar nas águas do Poço Azul

Fernando Serpone
Encravada no interior da Bahia, a Chapada Diamantina compreende algumas das paisagens mais bonitas do país. Cachoeiras, poços, vales e grutas em meio a uma rica biodiversidade criam os cenários perfeitos para passeios de jipe, caminhadas, esportes radicais e trilhas - a pé, a cavalo ou de bicicleta.

O Parque Nacional da Chapada Diamantina, criado em 1985, abrange uma área de 1.520km², sendo este a principal unidade de conservação da Chapada, que se estende por 38 mil km² de cerrado, Mata Atlântica e caatinga.

A 412km de Salvador, o município de Lençóis é o principal centro turístico da Chapada. A cidade é ponto de partida para diversos programas pela região e conta com grande oferta de restaurantes e agências de turismo.

A viagem de ônibus entre Salvador e Lençóis leva cerca de seis horas. De avião, são 45 minutos. Desde abril de 2009, a Trip linhas aéreas faz voos entre as duas cidades aos sábados.

Aos viajantes em busca de isolamento e tranquilidade, o povoado de Vale do Capão é uma opção bem interessante, com boas pousadas e comunidades alternativas. O vilarejo, localizado no município de Palmeiras, é ponto de partida para as principais trilhas da Chapada, como a da Fumaça, Vale do Paty, Lençóis, Andaraí, Gerais do Rio Preto, Gerais do Vieira e Gerais da Fumaça.

Tanto em Lençóis quanto no Vale do Capão existem hospedagens para todos os gostos e bolsos, desde hotéis sofisticados até campings e albergues.

A cidade de Mucugê e a vila de Igatu, bem situadas em relação às atrações da Chapada, também agradam o viajante que busca mais sossego. Tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Igatu foi um importante centro de produção de diamantes, e todas as construções da vila são feitas de pedra.

Destino obrigatório para os amantes do ecoturismo, quem viaja pela região se impressiona não só com as belezas naturais, mas também com a consciência e o senso de preservação ambiental dos habitantes, como guias e donos de pousadas. No último mês de maio, o Hotel Canto das Águas, em Lençóis, recebeu o certificado de primeiro hotel sustentável do Brasil, conferido pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Trilhas
Próxima ao Vale do Capão está a Cachoeira da Fumaça, uma das principais belezas da Chapada e uma das quedas livres mais altas do Brasil, com cerca de 380m de altura. A forma mais rápida e fácil de conhecê-la é pela trilha de duas horas que leva ao topo da cachoeira. A Fumaça é um dos programas obrigatórios ao visitar a região.

Para quem gosta de caminhar, de aventura, e tem bom preparo físico, vale fazer a trilha de três dias, conhecida como Fumaça Por Baixo. O percurso permite ver a queda por cima, de frente e banhar-se em seu poço. A caminhada inclui dormir duas noites em barracas ou grutas, tomar banho só de cachoeira (sem sabão) e andar muito - essa é considerada a trilha mais radical da Chapada.

Mas todo o esforço é mais do que recompensado. Além da atração principal, que já faz valer a caminhada, o percurso inclui também outras paisagens inacreditáveis e várias outras cachoeiras, como a do Palmital.

Para fazer a Fumaça por baixo é indispensável a presença de um guia. As trilhas, em geral criadas na época do garimpo, são fechadas e sem sinalização. Celulares não funcionam e não há nada nem ninguém na região além de grupos visitando o local.

Tamanho isolamento pode ser na medida para quem quer descansar a cabeça (mas trabalhar o corpo!) e esquecer por alguns dias o trânsito, computador e celular. A proposta é caminhar muito, refrescar-se em cachoeiras incríveis e se surpreender com a beleza das paisagens, orquídeas e bromélias.

Vale do Paty
Caminhar por vários dias também é essencial para conhecer o Vale do Paty, mas suas trilhas são mais amenas que as da Fumaça. A beleza do lugar é única e impressionante. No vale, há a possibilidade de acampar ou dormir nas casas dos poucos nativos, que oferecem instalações modestas e saborosa comida caseira.

As agências de turismo fazem trilhas de um a cinco dias pelo Paty. Quatro dias e três noites é o mínimo para quem gosta de andar e quer conhecer bem o lugar. Assim como na trilha da Fumaça, os que visitam o Paty têm a chance de se refrescar em várias cachoeiras maravilhosas.

Geralmente, o guia das trilhas também é responsável pelo preparo e transporte dos alimentos. Os trilheiros levam suas roupas, lanches e devem voltar com todo o lixo que produzirem. Na bagagem para a Bahia, é bom constar.

De dezembro a março chove mais na região, o que contribui para aumentar a beleza das cachoeiras e do verde da paisagem. Por outro lado, a chuva pode prejudicar os passeios, e ainda há o risco de uma tromba d'água - enxurrada em decorrência do acúmulo de água na cabeceira de um rio. Porém, mesmo nessa época as chuvas não são tão frequentes. De abril a outubro chove pouco e aí algumas cachoeiras podem secar. Antes de viajar, vale conferir a situação das cachoeiras e a previsão do tempo.

Além da Fumaça, outra cachoeira imperdível na Chapada é a do Buracão. Em Ibicoara, a 90km de Mucugê, a Cachoeira do Buracão é uma queda d'água de 80 metros no fim de um cânion magnifíco. Por estar longe das principais atrações da Chapada, ela é menos visitada, mas não deixe de conhecê-la.

Grutas, poços e pinturas rupestres
As maravilhas e a grandiosidade da Chapada não se limitam à sua superfície: lá está o maior acervo espeleológico da América do Sul, importante por sua beleza e relevância científica. Entre as centenas de cavernas da região, a mais conhecida é a do Poço Encantado. A água ali é de cor azul turquesa devido aos raios do sol que penetram na gruta através de uma fenda. Dada a transparência da água, é possível até ver o fundo do poço, que tem de 30 a 60 metros de profundidade.

O Poço Azul tem características semelhantes às do Poço Encantado, e é permitido mergulhar em suas águas. Ainda com tom azul e águas cristalinas há a Gruta da Pratinha. Entre as cavernas secas, as mais visitadas são a da Torrinha, Lapa Doce, Paixão, Lapão, Bolo de Noiva, Fumaça, Gruta Azul e Brejões.

A região conta ainda com um rico patrimônio cultural, que inclui 65 sítios de pinturas rupestres, casarões centenários, feiras e artesanatos.

Esportes radicais
A Chapada também é um destino imperdível para os adeptos dos esportes radicais. A lista das modalidades que podem ser praticadas na região é longa, mas vale destacar a escalada, a tirolesa, o canyoning - rapel em cachoeira - e o mountain biking.

De bicicleta, é possível dar a volta no parque em cerca de sete dias. São 273 km de trilhas de diferentes graus de dificuldade. A viagem entre Vale do Capão e Lençóis dura cerca de cinco horas pedalando, e é um dos trechos mais difíceis da volta.

De Igatu a Mucugê, o esforço já é bem menor: duas horas de trilha com descidas na maior parte do tempo. Agências de turismo oferecem roteiros que incluem pedalar e caminhar.

Na boca da caverna do Lapão, em Lençóis, há o cave jumping, semelhante ao bungee jumping. Entre os locais de escalada, os de maior destaque são o Parque Municipal de Muritiba, em Lençóis, com mais de 50 rotas, e Igatu, no município de Andaraí.

A região tem atrativos demais para uma viagem só. Quem visita a Chapada uma vez, volta ao local na primeira oportunidade.

Parque em São Paulo tem mais de 300 cavernas

Para aventureiros, o lugar é perfeito para esportes radicais
Para aventureiros, o lugar é perfeito para esportes radicais


Numa caverna no meio da mata, um grupo de turistas imersos até o pescoço num rio dentro da pedra se empenha em não perder a corda embaixo da água que lhes mostra o caminho. A alguns metros dali, outro grupo acaba de chegar a uma cachoeira escondida dentro de outra caverna e os mais corajosos já se sentam embaixo da água extremamente gelada.

Estas cenas não acontecem em algum lugar remoto da Amazônia. Pelo contrário, as cavernas descritas (caverna Alambari de Baixo e caverna Água Suja) ficam perto de algumas das principais capitais brasileiras: a 189 km de Curitiba e a cerca de 300 km de São Paulo. Estamos falando do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar) - que guarda 35 mil hectares de Mata Atlântica preservada e mais de 300 cavernas, além de cachoeiras, trilhas, sítios arqueológicos. Ali também vivem dez comunidades quilombolas, sendo a maior concentração do Estado de São Paulo.

O parque fica em São Paulo, nos municípios de Apiaí e Iporanga. A visitação das cavernas (maior atração do local) é restrita. Das mais 300, apenas 12 estão abertas ao público. Mesmo assim, cada grupo de oito pessoas deve ser acompanhado de um monitor e todos devem carregar uma lanterna (não é permitido o uso de carbureteiras), vestir calçados adequados e camisetas que protejam os ombros.

Porém, depois de entrar na caverna de Santana - a mais famosa e bonita do parque -, não dá para dizer que não vale a pena o esforço. Com 7 km de extensão, Santana tem estalactites e estalagmites impressionantes, além de fornecer encontros improváveis, como com uma formação que parece um tecido feito de pedra, de tão fina e delicada.

Além das cavernas, o Petar tem mais de 20 cachoeiras. A mais bonita é a Andorinha, onde a entrada na água não é permitida em razão da força da queda. No mesmo caminho que leva a ela (a trilha do rio Betari), fica a cachoeira do Betarizinho, esta sim própria para o banho.

Os aventureiros já devem ter percebido que o lugar é perfeito para esportes radicais. Não estão errados. Nas cachoeiras, cavernas, trilhas e nos rios do Petar, é possível praticar bóia cross, rapel, trekking, mergulho dentro das cavernas, entre outras modalidades.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Um roteiro de hotéis conscientes

17 de maio de 2011
 
 
 
Área reflorestada da pousada Toca da Coruja, em Natal: compostagem, energia solar e trabalho com a comunidade / Foto de divulgação
 
Aquela velha ideia de que turismo sustentável era sinônimo de viajar para o meio do mato, sem estrutura e com muito perrengue, foi aposentada. Hoje em dia, ter apenas uma roupagem de natureba não garante a pousada alguma o título de ecofriendly. O que importa é oferecer mais, causando menos impacto. Esse é o lema da associação Roteiros de Charme, criada logo após a ECO-92, com base nos princípios socioambientais da conferência. De 19 hotéis brasileiros apontados na última lista da revista National Geographic Traveler, uma das mais respeitadas publicações de turismo ambiental no mundo, oito são da instituição, que apoia empreendedores da área a fazerem uma transição da hospedagem convencional para o conceito de turismo consciente.
Tudo começou com a constatação de que as viagens são um dos grandes problemas em relação à sustentabilidade atualmente. Se os impactos de pousada e hotéis não forem pensados, podem ser mortais para algumas regiões. Isso porque o impacto vai muito além do empreendimento em si. São mais pessoas atraídas para o local, mais esgoto, mais lixo, mais transportes, e muitos outros mais. E nem sempre o destino comporta essas novidades.
Foi pensando nesse passivo gerado e no mercado que se abria para o turismo consciente que o presidente da Roteiros de Charme, Helenio Waddington, resolveu colocar debaixo do braço a Agenda 21 - documento com compromissos socioambientais de empresas, governos e associações, divulgada após a ECO-92 - e dela extrair um código de conduta para a então recém criada associação. Waddington, que é dono da pousada Rosa dos Ventos, em Teresópolis, e até hoje é presidente da Roteiros de Charme, elaborou regras e sugestões de boas práticas socioambientais para o setor, que até hoje não possui um código de conduta mundial:
- Naquela época, não existia turismo sustentável. Ninguém sabia como podia ser isso. Nem eu. Por isso, busquei apoios, como a Agência Ambiental das Nações Unidas (a Unep) - explicou Waddington. - Dez anos atrás, ouvi num seminário, do diretor de qualidade da Maison Hermés, que luxo não é mármore Carrara, mas é espaço, ar puro e água limpa. Achei genial. A associação não tem apenas hotéis luxuosos. Temos empreendimentos de vários tipos. O que importa é que eles sejam adequados à realidade local.
Na prática, significa que não faz sentido um mega resort no Pantanal, por exemplo, já que o lençol freático aflora. Como também não faz sentido um hotel com arquitetura modernosa no meio de uma cidade que é patrimônio cultural do país.
Entre as práticas que fazem parte do código de conduta da Roteiros de Charme estão o tratamento de esgoto, a preservação de áreas de alta biodiversidade ou valor cultural, reutilização, redução e reciclagem de materiais, controle de poluição e redução da incineração do lixo, de queimadas e desmatamento, entre outros. Segundo Waddington, uma pesquisa feita recentemente com hotéis da rede constatou que 70% já usam energia solar para aquecimento de água, 35% têm hortas orgânicas e todos possuem reuso de água e reciclagem de resíduos, em diferentes graus. Ainda de acordo com o presidente, há também pelo menos 50 projetos socioambientais apoiados por hotéis-membros:
- Para manter uma pousada funcionando, é necessário manter o destino turístico bem cuidado. O retorno dos investimentos é muito claro no setor. Há resorts muitos grandes, por exemplo, eliminando esgoto diariamente em praias lindas brasileiras. Muitos não cumprem nem as exigências mínimas ambientais. Em breve, as cidades onde eles estão deixarão de ser tão atraentes, e não gerarão lucro. Ainda vão prejudicar o meio ambiente e toda a população. Nenhum hotel é 100% sustentável ainda, mas há aqueles que estão no caminho.
É bom lembrar aos viajantes que sempre há impactos para a construção e para o funcionamento desses empreendimentos. Além disso, o fato de um hotel ou pousada fazer parte da associação não significa que a empresa segue toda a cartilha socioambiental da Roteiros de Charme. Há hotéis mais avançados, e outros ainda em fase de implantação ou adequação de projetos. De qualquer forma, hospedar-se em hotéis mais >ita<ecofriendly não significa poupar o meio ambiente. Na prática, é uma mudança que leva tempo e nem todas as soluções sustentáveis estão disponíveis a um preço acessível. Mas o turista já pode incluir na lista de perguntas a serem feitas antes de efetuar a reserva, algumas dúvidas sobre sustentabilidade (ver box ao lado).
Empregar a população do entorno, por exemplo, é um quesito básico para um empreendimento responsável. Outros pontos são tentativas de economia de energia, água e reutilização e reciclagem de resíduos. Tudo isso tem um custo inicial, mas, segundo Luiz Henrique Ribeiro, proprietário da pousada Toca da Coruja, na Praia do Pipa, perto de Natal (RN), vale a pena. A pousada faz parte da Roteiros de Charme há dez anos e estava entre as oito indicadas pela lista National Geographic, divulgada em março deste ano. Tudo graças a melhorias que trazem ganhos não só do ponto de vista socioambiental, como também no componente econômico. Hoje, a pousada faz compostagem que abastece a horta orgânica, reutiliza e recicla o que pode, além de aquecer água com energia solar.
- Já recuperei todos os investimentos que fiz - disse Ribeiro - Reflorestamos a área no entorno da pousada, estamos capacitando mão de obra local e já conseguimos vitórias com a prefeitura, como a chegada de saneamento básico à Praia do Pipa. Tudo isso é revertido em benefícios para o negócio. Quando se instala num lugar, você passa a fazer parte daquela população e das mesmas demandas.
Segundo Ribeiro, que é agrônomo, a Toca da Coruja foi concebida com a ideia de se tornar uma hospedagem ecológica. Mas, antes de receber apoio da associação, faltava experiência de gestão para transformar o conceito de ecologia em práticas. Para se candidatar a uma vaga na Roteiros de Charme, pode-se entrar em contato com os donos por meio do site, mas é preciso já possuir ações de responsabilidade social e na área ambiental em curso.

SÃO JOÃO EM CG: 80% das vagas em hotéis estão ocupadas

19 de Maio de 2011


SÃO JOÃO EM CG: 80% das vagas em hotéis estão ocupadas 

Faltando pouco mais de 15 dias para o início do Maior São João do Mundo, versão 2011, que será dia 03 de junho, no Parque do Povo, em Campina Grande, na Paraíba, a rede hoteleira da cidade já está com 80% de suas vagas reservadas. A expectativa dos organizadores é que, esse ano, o número de turistas cresça tendo em vista a intensa procura.

O SINDCAMPINA - Sindicato dos hotéis, restaurante, bares e similares de Campina Grande e interior da Paraíba realizou durante essa semana uma pesquisa na rede hoteleira da cidade a qual mostrou que 80% das vagas já estão reservadas durante todo o mês de junho. Na cidade existem 28 estabelecimentos, entre hotéis, pousadas e motéis, totalizando 2.568 leitos.

Segundo uma pesquisa que é realizada todos os anos pelo SINDCAMPINA durante o Maior São João do Mundo, em 2010 foi marcado um alto grau de satisfação dos turistas em relação à festa junina de Campina: 93% aprovaram o Maior São João do Mundo e 87% afirmaram que os campinenses são atenciosos ou muitos atenciosos.

O presidente do SindCampina, Sr. Divaildo Bartolomeu, revelou que a rede hoteleira do entorno de Campina também é beneficiada com os festejos da cidade, pois alguns turistas ficam hospedados nos municípios circunvizinhos. Outra opção de acomodação é o sistema de Hospedagem Alternativa, que oferece casas, pensões e apartamentos para locação.

Segundo dados da central de informação do turista da CODEMTUR, que funciona no Parque do Povo durante os 31 dias de festa, o São João de Campina Grande recebe turistas de todo o país e também do exterior também.


http://www.pbagora.com.br/conteudo.php?id=20110519202947&cat=cultura&keys=sao-joao-cg-vagas-hoteis-estao-ocupadas

Estudo mostra contribuição das UCs para a biodiversidade e economia nacional

18 de maio de 2011
Quando o assunto é biodiversidade, costuma-se pensar apenas em medidas de proteção e conservação das diferentes espécies biológicas existentes não só no Brasil como também no mundo. A criação de Unidades de Conservação (UCs) - áreas especialmente criadas pelo poder público com o intuito de, entre outras finalidades, proteger recursos naturais considerados relevantes - é uma das formas mais efetivas de se garantir a manutenção e o uso sustentável de ativos ambientais.

Estes espaços protegidos desempenham papel crucial na proteção de recursos estratégicos para o desenvolvimento do País e contribuem para o enfrentamento do aquecimento global. A novidade apresentada pelo estudo Contribuição das Unidades de Conservação Brasileiras para a Economia Nacional, lançado nesta quarta-feira (18/5) em Brasília, durante as comemorações do Dia Internacional da Biodiversidade, é que além de serviços ecossistêmicos, como garantia de água para a população e para diversas atividades produtivas, as unidades de conservação podem gerar benefícios lucrativos e atividades produtivas para populações tradicionais.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirma que a discussão da biodiversidade não está restrita à proteção de plantas e animais, e que o papel das UCs ainda não foi muito explorado no cenário econômico nacional.

"É importante lembrar que criar áreas protegidas não é ir contra o desenvolvimento. Temos que mostrar à toda sociedade brasileira como o tema está presente na vida cotidiana do cidadão, como por exemplo, os produtos florestais, o uso público destes espaços, o estoque de carbono, o turismo, a garantia de água e a repartição de receitas tributárias. Somos o G1 da biodiversidade no planeta, e temos um pré-sal de petróleo e outro de biodiversidade. A sociedade brasileira tem que entender o que significa a conservação da biodiversidade no seu dia a dia", afirma Izabella Teixeira.

Benefícios

Para se ter uma ideia, no que se refere a atividades econômicas dentro ou no entorno destas áreas protegidas, a publicação demonstra que a soma das estimativas de visitação pública nas unidades de conservação federais e estaduais pode alcançar um público de cerca de 20 milhões de pessoas em 2016 (caso o potencial destas UCs seja devidamente explorado), o que pode acarretar uma renda de R$ 2,2 bilhões no mesmo ano.

A previsão de visitação em 67 parques nacionais já existentes no País pode gerar entre R$ 1,6 e 1,8 bilhão por ano, considerando-se as estimativas de fluxo de turistas no Brasil até 2016.

A produção de borracha em 11 reservas extrativistas (resex) do bioma amazônico avaliadas já chega a R$ 16,5 milhões anuais. Já a produção de castanha do Pará em apenas 17 resex analisadas na Amazônia tem potencial para chegar à cifra de R$ 39,2 milhões por ano.

Em relação aos efeitos das mudanças climáticas, a criação e manutenção das unidades de conservação no Brasil impediu a emissão de pelo menos 2,8 bilhões de toneladas de carbono, o que pode ser convertido em um valor monetário de aproximadamente R$ 96 bilhões.

Além disso, 9% da água captada para consumo humano são provenientes de UCs, e 80% da hidroeletricidade brasileira vêm de fontes geradoras que têm pelo menos um rio tributário a jusante (sentido em que fluem as águas de uma corrente fluvial) das UCs. Do fluxo captado para irrigação e agricultura, pelo menos 4% são provenientes de fontes localizadas dentro ou abaixo das UCs.

Serviços Ambientais

De acordo com o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, Bráulio Dias, as unidades de conservação são territórios importantes para promover a conservação e a provisão de serviços ambientais que contribuem para o crescimento e manutenção de diferentes cadeias econômicas.

Ele explica que muitas áreas protegidas do mundo foram criadas com o objetivo de assegurar as condições para que, por exemplo, os mananciais hídricos atendam aos principais usos humanos, como abastecimento público, agricultura e geração de energia.

"Reduzir a perda da biodiversidade não se consegue apenas com ações de comando e controle, como fiscalização e apreensão. Temos que investir na construção de modelos alternativos de exploração sustentável. Se não conseguirmos fundamentar a ideia da floresta em pé como ativo econômico de valor, não conseguiremos proteger nossa biodiversidade", afirma o secretário.

Dias ressalta também que um dos objetivos do MMA é criar novas possibilidades para as comunidades que vivem dentro das unidades de conservação. "Nosso compromisso é ter uma nova estratégia para a biodiversidade consolidada e aprovada para a Rio+20, com o planejamento para esta década. Nosso maior desafio é promover uma estratégia de desenvolvimento sustentável do Brasil".

O estudo foi desenvolvido pelo Centro de Monitoramento de Conservação Mundial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pelo MMA, sob coordenação das universidades fluminenses UFRJ e UFRRJ, e com o apoio técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Cooperação Técnica Alemã(GIZ).

Recursos hídricos

Dos 1.164 empreendimentos de geração de energia hidrelétrica outorgados ou em construção computados em 2010, 447 (38,4%) estão localizados abaixo de unidades de conservação federais.
Cerca de 34,7% do volume anual constante de captação de água são provenientes de fontes localizadas dentro ou no entorno de unidades de conservação federais.

O estudo revela ainda que a manutenção de 65% da vegetação natural de uma bacia garante 50% do volume médio do rio, e que bacias hidrográficas florestadas tendem a oferecer água de melhor qualidade do que as submetidas a outros usos, como agricultura, indústria e assentamentos.

Na maioria dos casos, a presença de florestas pode reduzir substancialmente a necessidade de tratamento para água potável, e assim reduzir os custos associados ao abastecimento de água. Cerca de um terço das maiores cidades do mundo obtêm uma proporção significativa de uso da água potável diretamente de áreas florestadas.

Nas bacias hidrográficas e mananciais com maior cobertura florestal, o custo associado ao tratamento da água destinado ao abastecimento público é menor que o custo de tratamento em mananciais com baixa cobertura florestal. Por isso é importante a função das áreas de preservação permanente (APPs), que envolvem nascentes, veredas, encosta, topos de morro e matas ciliares.

Receitas Tributárias

Se por um lado a presença das UCs impede a realização de certas atividades econômicas, por outro pode estimular outras capazes de gerar impacto positivo nas economias locais de municípios afastados dos grandes centros.

No Brasil, 14 estados aprovaram legislação específica para a aplicação do ICMS Ecológico em seus territórios. Os critérios para os repasses aos municípios e seus respectivos cálculos podem variar em cada caso, e a presença de uma unidade de conservação é um critério adotado na definição destes valores. Quanto maior a extensão e o número de áreas protegidas no município, maior é o montante repassado de ICMS ecológico ao município. A receita suplementar repassada aumenta o orçamento municipal, provocando efeitos secundários sobre o desenvolvimento local, como turismo e visitação.

Em 2009, o mecanismo ICMS ecológico garantiu a transferência anual de mais de R$ 400 milhões para as administrações municipais como compensação pela presença destas áreas protegidas em seus territórios.